“O Hajj é um dever — talvez possamos até dizer que é o único dever — cuja forma e aparência externa, sua estrutura, é inteiramente política”, declarou o aiatolá neste domingo, ao se dirigir aos oficiais e servidores do Hajj em Teerã, antes de sua partida para a Arábia Saudita.
Segundo ele, o Hajj “reúne pessoas no mesmo lugar, ao mesmo tempo, todos os anos — todos os que podem comparecer. O que é isso? É o ajuntamento de pessoas, a convergência de indivíduos em um só local. Esse próprio ato tem uma natureza política.”
“Portanto, ao contrário do que dizem e fazem alguns que tentam lançar dúvidas, o Hajj é intrinsecamente político em sua natureza, em sua forma e em sua estrutura”, enfatizou.
“A reunião do Hajj é para o bem da humanidade, e nenhum benefício é maior para a Ummah islâmica do que a unidade”, acrescentou. “Se a Ummah muçulmana estivesse unida, questões como a da Palestina e Gaza não existiriam, e o Iêmen não enfrentaria tamanha pressão.”
O Líder também destacou que, embora o Hajj tenha uma dimensão política e comunitária em sua estrutura e simbolismo, seu conteúdo permanece totalmente espiritual e devocional. Cada ritual, afirmou, carrega significados simbólicos e oferece lições morais relevantes para os diversos desafios da vida humana.
Explicando alguns desses símbolos, ele descreveu o Tawaf — o ritual de circundar a Caaba — como uma lição profunda sobre a necessidade de centralizar a vida em torno do monoteísmo.
“O Tawaf ensina à humanidade que o governo, a vida cotidiana, a economia, a família e todos os aspectos da existência devem ser construídos sobre a base do towhid (unicidade de Deus). Em um mundo assim, a crueldade, o assassinato de crianças e a ganância desapareceriam, e o mundo se tornaria um jardim de paz.”
O Sa’i entre Safa e Marwa — caminhada entre duas colinas — foi descrito como símbolo de esforço constante diante dos desafios da vida. “Deve-se lutar persistentemente através das montanhas da adversidade, sem hesitação ou confusão.”
A jornada a Arafat, Muzdalifah e Mina, segundo ele, representa uma lição de movimento contínuo e rejeição da estagnação. O “sacrifício” simboliza a verdade profunda de que, às vezes, é preciso abrir mão até mesmo dos entes mais queridos — ou tornar-se um sacrifício.
Comentando sobre o apedrejamento dos Jamarat, destacou que esse ato ilustra a ordem divina de identificar e confrontar as forças demoníacas entre os humanos e os jinns: “Onde quer que se encontre o diabo, é preciso atacá-lo — sem hesitação.”
Por fim, ele apontou o uso das vestes de Ihram como símbolo de humildade e igualdade diante de Deus. “Cada um desses rituais”, observou, “é destinado a orientar a vida humana — a guiá-la em uma direção significativa e divina.”
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